


O Centro Cultural de Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro traz ao Brasil a exposição Virada Russa: A Vanguarda na Coleção do Museu Estatal Russo de São Petersburgo. São 123 peças que marcaram o movimento artístico e cultural ocorrido durante a primeira fase da Revolução Russa, entre as décadas 1890 e 1930. A mostra reune obras de artistas da chamada vanguarda russa, vindas diretamente do acervo do State Russian Museum – o museu que reúne a maior coleção de arte russa no mundo. As obras expressam a efervescência artística e cultural dos anos anteriores ao Outubro Vermelho, que seguiram várias vertentes como o Não-Objetivismo e, principalmente, o Suprematismo e o Construtivismo. Entre as raridades que serão apresentadas nos salões do CCBB estão clássicos como Promenade, de Chagall, que representa um momento mais lírico dentro do surrealismo, e os três quadros de Malevitch, que marcam o começo do verdadeiro rigor geométrico na pintura – a cruz, o quadrado e o círculo negro sobre um fundo branco. As obras de Kandinsky – como Igreja Vermelha, Cruz Azul e São George II, presentes na mostra – marcam o ponto de partida para a pintura abstrata. Tatlin precursor da vertente construtivista está presente na mostra com a obra Contra-relevo de Esquina – complexo, em aço, alumínio, zinco e madeira que traduz o novo mundo industrial ao adotar formas, materiais e técnicas da moderna tecnologia, encarnando a ideia do artista-engenheiro. A mostra traz, ainda, peças de roupa desenhadas por Bárbara Stepanova, dentro da noção construtivista do artista ligado à fábrica.
Este passeio por entre obras relacionadas à história da arte deve ser saboreado na sua diversidade estética e percebida dentro do campo afetivo e imaginário de cada pessoa. O fato destas obras terem importância histórica não deveria obrigar o observador a gostar ou a ter uma opinião já formada sobre ela. Segundo o filósofo francês Mikel Dufrenne, existe uma experiência estética que seria uma forma de reconciliar o homem consigo mesmo. Nesta experiência haveria uma aproximação de uma atitude sentimental com uma atitude racional. Portanto, as diversas exposições que freaquentamos podem nos ajudar neste exercício, em que estar diante de uma obra pode ser uma experiência estética - a imaginação, o afeto e o conhecimento podem estar juntos - de modo a "usar" a arte para habitarmos melhor o nosso mundo interno e imaginativo e externo.


